sábado, 13 de novembro de 2010

Filosofia para Crianças - uma experiência surpreendente (* fragmento de meu artigo publicado)

Usarei como provocação a máxima de Aristóteles: “Toda filosofia começa com o espanto” (Metafísica), enfatizando neste escrito que o espanto, a admiração e o surpreender-se são inerentes às crianças, pois as crianças possuem o bom hábito de “surpreender-se”. Destarte, estando abertas para o questionamento, para a reflexão, para o discernimento e mais tarde para a argumentação – ou seja, o que propõe o filosofar. Assim como o  brinquedo só existe porque a criança lhe dá “vida”, o professor só tem sua finalidade em existir porque pode ensinar e educar seus alunos... propiciando-os à reflexão. Também o filosofar só ocorre pelo espanto - é necessário a admiração para o início do processo do filosofar... E lecionando para as crianças o prazer é maior, pois acontece o “espantar-se”, isto é, as crianças são hábeis em surpreender-se facilmente com as coisas (pois o mundo é parcialmente desconhecido por elas).
Lecionar para crianças, é antes de tudo deslumbrar-se a cada momento. A infância é  a época de nossas vidas que tornamos o mundo mais colorido... brinquedo, desenho, parque são apenas algumas das coisas que fazem o “mundo da criança” antagônico ao nosso “mundo do adulto” que paliativamente é  monitorado pelo valor do ter – desprezando o valor de ser; que é movido pela competição desenfreada; programado pela falta de ética e favorável à corrupção e que de modo nefasto olha para as pessoas tidas como minorias como alvos de preconceito e de segregação. Enfim a criança deixa emergir todas as indagações e questionamentos  possíveis - aqueles que  angustiam e aqueles  que alegram. Para a criança, o fato de duvidar é visto como uma virtude e não como um defeito, o que nos permite a colaborar de modo educativo para a aprendizagem e para um mundo de gente feliz.
* Educar e Aprender - (vários autores), org. J. R. Polli e M. Martelli, Jundiaí-Sp, Ed. In Hause, 2.008 , p. 111 - 114.

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