sábado, 14 de abril de 2012

Teoria dos Ìdolos de Francis Bacon

Para Bacon, o intelecto humano, poderia ser ocupado com noções falsas que atrapalhavam, isto é, impediam  seu  uso  e  poder  de  forma  a  desvendar e transformar a natureza para o proveito da humanidade.


Essas noções falsas  - podem nos enganar . Ele enumerou quatro tipos que chamara de ídolos: Ídolos da Tribo; Ídolos da Caverna; Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.

Ídolos da Tribo: (Nossos sentidos e opiniões nos enganam com miragens e devaneios).
Encontram-se na própria natureza humana e pertencem a espécie humana. Para o filósofo em questão, os sentidos e o intelecto humanos são comparados a um espelho que distorce e corrompe aquilo que reflete, o universo. Por isso essas faculdades, por si sós, não são suficientes para interpretar a natureza, de forma a se aproximar de sua real essência.

Ídolos da Caverna: (o excesso de informação não fundamentada somada a idiossincrasia acarretam erros). Somando-se a limitação da própria natureza humana há mais outra insuficiência – uma distorção no entendimento semelhante a uma caverna . Essa caverna é a variação da predisposição dos indivíduos, acrescida de uma natureza singular influenciável por opiniões externas e informações de diversos meios (mídias). Tudo isso empanando o descortino do verdadeiro conhecimento.

Ídolos do Foro: ( A linguagem, por sua condição simbólica, e também manipulada por dominação de classe, não define os objetos a que pretende pertencer. Há um distanciamento da ciência objetiva). Bacon, entende que as relações sociais, com seu jogo de palavras que dissimulam o embate das forças sociais declaradas e subliminares, também corrompem o entendimento e clareza da ciência e do saber em todos os campos do conhecimento.

Ídolos do Teatro: (Assim como uma cena de teatro pretende reproduzir fatos em drama, as demonstrações filosóficas estéreis arremedam e iludem com falsas verdades pretensas verdades). Esses ídolos, os falsos conceitos, são as ideologias; sejam quais forem as doutrinas, elas, por pretenderem representar o mundo em um sistema,  atuariam como que um drama fictício, tornando o mundo, por esses sistemas, um teatro de ilusão. Essas ideologias são propagadas por conceitos filosóficos, teológicos, políticos e científicos, todos, reforçando, ilusórios.

Para esses males Francis Bacon propunha uma ciência verdadeira, baseada na experimentação e investigação, que pelo  método da indução propiciaria axiomas mais sólidos, reproduzíveis e comprovados.

domingo, 13 de março de 2011

A "menoridade" em Kant - observação de Herrera


Logo após me formei, eu junto com um grupo de amigos, nos reunimos em um bar/café para bebericar e dialogar sobre os filósofos... ( a ideia principal era fazer um tipo de ‘balanço” de como foi a nossa faculdade de Filosofia no decorrer destes quatro anos). Tenho muitas lembranças daquela noite, embora o que não consigo esquecer foi o fato da minha empolgação e do meu entusiasmo em falar que: De todos os autores germânicos... Kant era o que menos eu gostava, porém o respeitava e tinha  a clara certeza da importância dele para a História da Filosofia, deixando nítido que não pensaria em reler esse autor por muito tempo. Hoje... praticamente onze anos depois voltei a ler Kant e sempre o respeitando embora não sendo um dos meus preferidos, me apeguei ao que ele se refere à menoridade e por isso gostaria de sem grandes compromissos compartilhar esse autor...
O conceito de menoridade, segundo Kant consiste na incapacidade dos indivíduos usarem, ou usufruírem do seu próprio entendimento e isto seria um grande fator, que os impedem de ter um crescimento racional, por exemplo: a preguiça, a não coragem e o comodismo - se apresentam neste cenário como “ferramentas” que fazem do indivíduo um “ser menor” e nessa menoridade as pessoas se acomodam ao ponto de não desenvolver o seu crescimento intelectual e amadurecer, pois o amadurecimento humano deve transcender o  banal, fazendo com que o indivíduo  pense por si mesmo e que possua argumentos seguros para defender as suas opiniões e criticar quando for necessário... esse é o papel do ser humano... desenvolver-se racionalmente e ser maior em tudo, saber falar e ouvir, ousar, questionar e refletir sobre como a vida é... e como ela poderia ser.
Quiçá, Kant, nunca  será um dos meus autores preferidos, no entanto ele foi muito feliz ao tratar do termo “menoridade”. Por esse desejo à todos: SAPERE AUDE!

sábado, 13 de novembro de 2010

Filosofia para Crianças - uma experiência surpreendente (* fragmento de meu artigo publicado)

Usarei como provocação a máxima de Aristóteles: “Toda filosofia começa com o espanto” (Metafísica), enfatizando neste escrito que o espanto, a admiração e o surpreender-se são inerentes às crianças, pois as crianças possuem o bom hábito de “surpreender-se”. Destarte, estando abertas para o questionamento, para a reflexão, para o discernimento e mais tarde para a argumentação – ou seja, o que propõe o filosofar. Assim como o  brinquedo só existe porque a criança lhe dá “vida”, o professor só tem sua finalidade em existir porque pode ensinar e educar seus alunos... propiciando-os à reflexão. Também o filosofar só ocorre pelo espanto - é necessário a admiração para o início do processo do filosofar... E lecionando para as crianças o prazer é maior, pois acontece o “espantar-se”, isto é, as crianças são hábeis em surpreender-se facilmente com as coisas (pois o mundo é parcialmente desconhecido por elas).
Lecionar para crianças, é antes de tudo deslumbrar-se a cada momento. A infância é  a época de nossas vidas que tornamos o mundo mais colorido... brinquedo, desenho, parque são apenas algumas das coisas que fazem o “mundo da criança” antagônico ao nosso “mundo do adulto” que paliativamente é  monitorado pelo valor do ter – desprezando o valor de ser; que é movido pela competição desenfreada; programado pela falta de ética e favorável à corrupção e que de modo nefasto olha para as pessoas tidas como minorias como alvos de preconceito e de segregação. Enfim a criança deixa emergir todas as indagações e questionamentos  possíveis - aqueles que  angustiam e aqueles  que alegram. Para a criança, o fato de duvidar é visto como uma virtude e não como um defeito, o que nos permite a colaborar de modo educativo para a aprendizagem e para um mundo de gente feliz.
* Educar e Aprender - (vários autores), org. J. R. Polli e M. Martelli, Jundiaí-Sp, Ed. In Hause, 2.008 , p. 111 - 114.

domingo, 31 de outubro de 2010

Nietzsche, visto por Herrera (*anexo apresentado em minha monografia)

Com Nietzsche a filosofia torna-se “duplamente perigosa”, isto é, para os filósofos e para todos. Definir Nietzsche é antes de tudo fazer emergir, aflorar, ejacular seu pensamento. O que podemos dizer do homem que nos remete ao questionamento do humano demasiado humano? O que podemos dizer do homem que submeteu a moral a uma severa crítica? (fazendo a dicotomia entre moral mestra e moral dos fracos). O que dizer do homem que nos apresentou seu super-homem (Übermensch) que foi assaz mal interpretado e acabou nas garras do nazismo? O que dizer do homem que precisou solapar Deus para mostrar que a humanidade se escravizava com a certeza de um mundo sobrenatural? O que dizer do homem que deu valor ao “homem pelo homem”, não enfatizou a crença no “hiperurânio” e rompeu com as teias da Filosofia Clássica e Medieval?
Nietzsche com certeza foi “corajoso”, o seu pessimismo-niilismo trouxe ao homem voluntária ou involuntariamente um dreno para esta vida de combates que ele nos alertou.
Portanto, um pensamento como o de Nietzsche, deve ser armazenado, usado; pois forma um arcabouço de atitudes, isto é, um conjunto de interpretações cautelosas. Para ler Nietzsche, antes é preciso saber que em sua filosofia permeia o deslumbramento e por isso não podemos temê-la. Nietzsche é visceral. 
*Anexo, apresentado em minha monografia: O aspecto apolíneo e dionisíaco no humano - apoiado na leitura da obra: O Nascimento da Tragédia, do filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche, 2.000 - Puc- Campinas.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

DESAFIO - ANALOGIA: FILOSOFIA E MÚSICA

Refletindo...
Observe o fragmento da música: Mosca na Sopa, do cantor e compositor Raul Seixas e faça um paralelo com o fato: do filósofo grego, Sócrates (470a.C - 399a.C), quando é comparado a um mosquito que iria acordar a cidade de Atenas, isto é, lhe tirar o sono...

Eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...
Eu sou a mosca
Que perturba o seu sono
Eu sou a mosca
No seu quarto a zumbizar...

E não adianta
Vir me detetizar
Pois nem o DDT
Pode assim me exterminar
Porque você mata uma
E vem outra em meu lugar..




segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ALTERIDADE – UM CAMINHO PARA “O OUTRO” APOIADO NA EDUCAÇÃO (*fragmento do meu artigo com este título)

Alteridade significa: diversidade, diferença, aquilo que é do caráter do outro. O conceito de alteridade consiste em: ver o outro do ponto de vista do outro, estar (tentar estar) inserido no contexto do outro, viver o mundo dele – isto é, a capacidade de conviver com o diferente. Quando nós analisamos as pessoas dentro de seus próprios hábitos e costumes, dificilmente a gente “peca” em relação ao julgamento, quando somos tolerantes com a tamanha diversidade humana existente neste planeta, damos espaço ao “desvelamento de nós mesmo”, isto é, abrimos espaço para a aceitação  e  com isso não permitimos que o preconceito esteja presente em nosso ser. Ademais, tomar como referencial apenas o EU, ou seja, ter uma visão umbilical e pensar que todos devem se parecer exatamente com tudo aquilo que acreditamos por verdade - não é nada ético, plausível ou significativo em relação as diferenças e as particularidades de cada um... No que concerne à educação, tenho em mente o fato de que: sorte a nossa termos alunos tão heterogêneos dentro de uma única sala de aula, alunos diferentes entre si... pois na história, todas as nefastas tentativas de tornarem as pessoas iguais não se deram com êxito, pelo contrário, colaboraram para superioridade de uns em relação aos outros, exemplo maior disto tudo foi Hitler com o nazismo.
 Lembramos que a xenofobia, o racismo, a homofobia, o preconceito e os estigmas, as guerras étnicas, a segregação racial e toda discriminação seja ela baseada na raça, na etnia, no gênero, na idade, na classe social ou na aparência... são “ferramentas do mal”, espalhadas  pelo mundo, implicando nos altos graus de violência e na não aceitação de pessoas do bem – apenas diferentes de nós e que podem viver num mundo, do qual há espaço para todos. É notório que a humanidade tem o “mal hábito” de paliativamente buscar alguém – um expiatório – para o culpar pelos seus erros e assim satisfazer o seu ego. É nada louvável zurzir com os demais – apenas por serem ou se posicionarem de modo antagônico em relação a nossa cultura e ao modo em que vivemos.
*Construindo Saberes - Praticas Educacionais Participativas, Ed. In House, p. 103-106, org. J. R. Polli e M. Martelli, Jundiaí-2009